Resumo:
1.As
origens históricas da Perestroika
Duas
razões: Fraco desenvolvimento
tecnológico se comparado com o ocidente: A terceira revolução industrial;
Toyotismo e novos padrões mais flexíveis.
Desaceleração
econômica: os sistema econômico extensivo, ou seja, de utilização extensiva de
mão-de-obra e de matérias-primas, centralizado num comando-administrativo (SCA)
deu resultados nas primeiras décadas de sua aplicação para competição com os
países ocidentais. No entanto, o surgimento de novos sistemas mais flexíveis e
produtivos, durante a Revolução científico-técnica obrigou-os a ter que
reavaliar a centralização de sua cadeia produtiva feita pela Gosplan (Comitê de Planejamento), porém
nada foi feito. Enquanto as decisões sobre a produção em países capitalistas
eram pulverizadas em gerentes e donos de meios produtivos, a Gosplan continuou com sua política de
centralização, onde favorecia-se o desperdício, gerando a tal crise de
recursos.
Contudo, já
na década de 1960, as reformas Kosygin tentavam descentralizar o comando da
produção e introduzir outros indicadores de sucesso para as fábricas, como o
lucro, ao invés de apenas o Val
(produção bruta).
Gorbachev
numa conferência do PCUS em 1984, apenas como um dos membros do Politburo indicava como palavras de
ordem para vencer a desaceleração econômica: Intensificação da economia,
aceleração do progresso técnico, autogoverno, competição socialista, Perestroika e Glasnost.
2. A Perestroika com 4 fases distintas:
2.1-1985-1987: Fase da descentralização
socialista;
2.2-1988: Fase de transição;
2.3-1989 - início de 1990: Fase da
economia de mercado;
2.4-Final de 1990 e 1991:
Desintegração e restauração capitalista.
2.1 – Gorbachev trabalhava no
intuito de aposentar os seus companheiros do politburo, atraindo novos políticos com a cabeça mais aber a novas
idéias.
Decreto de 7 de maio de 1985:
Campanha anti-alcoolismo, que buscava diminuir o desperdício e a
irresponsabilidade no local de trabalho, bem como os gastos com saúde e uma
racionalização das horas trabalhadas. A campanha deu muito certo. Contudo, os
impostos que incidiam sobre as bebidas alcóolicas eram de cerca de 17% de todas
as vendas no comércio varejista, e a queda de venda destes produtos veio a
diminuir as arrecadações com impostos, o que se mostrou decisivo para o
abandono da campanha.
O Decreto de 12 de julho de 1985:
baseava-se na disseminação de novos métodos de administração econômica. O
indicador de lucro passa a Ter mais importância, as empresas passam a ficar com
uma maior parte de seus próprios lucros que antes eram integramente remetidos
ao poder central. O autofinanciamento,
nas empresas (associações) chamadas Frunze
e Vaz, caracterizava-se pelo
planejamento que o administrador poderia ter desde então. Agora, uma parte fixa
do lucro ficava na própria empresa. Em 1987, cinco ministérios já funcionavam
no mesmo esquema de autofinanciamento
De 25 de fevereiro a 6 de março de
1986, no XXVII Congresso do PCUS, foi aprovada e confirmada a política da Perestroika.
Em 19 de novembro de 1986 o trabalho
individual é liberado em quase todos os ramos da economia para aposentados e
trabalhadores fora da jornada habitual de trabalho, sendo que a livre
contratação de mão-de-obra assalariada não estava liberada.
Contudo, todos esses experimentos,
mesmo os que inicialmente demonstraram grandes êxitos, mostraram-se estéreis a
longo prazo. Gorbachev, percebe que as decisões políticas, que esbarravam na
resistência de parte do partido e na burocracia, não estavam gerando os
resultados necessários. Então Gorbachev começa a enfatizar mudanças políticas,
trabalhando para uma maior transparência (Glasnost)
nas políticas intra e extrapartidária.
No Decreto de 26 de junho de 1987,
todas as empresas são gradualmente impelidas a funcionar no sistema de autofinanciamento, sendo que para além
disso, deveriam arcar com seus lucros e prejuízos, não contando mais com a
corbetura do orçamento central para ajuda-las. E ainda, seus gerentes deveriam
ser escolhidos dentre os funcionários da empresa, sendo eleito por eles, porém
tendo que contar com o referendo dos orgãos superiores.
Apesar de tudo, as empresas ainda
continuavam estatais, e pode-se resumir estes anos como descentralização
socialista ou ainda como ainda se fizera acreditar no slogan: “quanto mais
socialismo, mais democracia”.
2.2. Apesar das experiências, os
produtos, ainda advindos de empresas Estatais, ainda eram subsidiados,
produzindo assim uma camuflagem nos preços verdadeiros dos produtos.
No
campo político e no politburo... com a política de Gorbachev de afastamento
gradual dos antigos membros do politburo,
da época de Brezhnev, conforme sua vontade, esses espaços foram sendo ocupados
por novas cabeças abertas a novas idéias político-econõmicas. Contudo, o
esperado consenso de reformas não aconteceu, uma divisão política dentro do politburo punha frente-a-frente dois de
seus ocupantes, dividindo o politburo
em duas facções: Ligachev, apoiaria a abertura política e as reformas
até o ponto em que estas não ameaçassem a hegemonia de poder do partido ou
instalassem uma economia de mercado
que pusesse em risco os fundamentos soscialistas do país. E Aleksandr Yakovlev,
que propunha uma glasnost bastante
ampla, permitindo até pontos de vista bastante diferentes do partido e não
tinha medo de empregar o termo economia
de mercado para descrever o tipo de socialismo que estaria buscando (ou
seja, um socialismo de mercado).
A Glasnost já estava favorecendo o
aparecimento de pontos de vista mais radicais e liberais que os existentes
dentro do PCUS. A imprensa começou a identificar os conservadores à Stalin,
fazendo críticas a eles. Surgem então, os grupos informais independentes (neformal’nye ob”edineniya), que são
clubes de discussão, organizações culturais, todas independentes do controle
partidário, fazendo com que pontos de vistas independentes e muitas vezes
favoráveis as reformas florescessem. 1988 é marcado pelo ano em que aprecem
opiniões dentro do partido em que as reformas devem ser mais profundas.
E Yeltsin aparece e desaparece... Foi
eleito membro-candidato do politburo.
Seu dinamismo agradava Gorbachev, mas no entanto, fazia com que entrasse em
choque com a ala conservadora do politburo,
como Ligachev. Pede renúncia como primeiro-secratáio de Moscou, em 1987,
afirmando que não poderia trabalhar sob alguns líderes partidários que exerciam
um autoritarismo totalmente fora do espírito da perestroika (alusão a Ligachev).
Os
stalinistas dão as caras e os conflitos étnicos também... A perestrika
tinha sido marcada até então por críticas anti-stalinistas, até que a
professora de química Nina Andreeva publicou uma carta no jornal Sovietskaya Rossiya em 13 de março de
1988, onde acusava que algumas atitudes tomadas dentro da perestroika eram apenas uma maneira de disfarçar a uma pretensa
intenção de tirar o país do caminho do socialismo. A partir de então as forças
pró-Stalin começaram a se reunir para promover resistência, “revisionismo”. Em
fevereiro de 1988 ocorreriam os primeiros conflitos violentos entre armênios e
azerbaijanos pelo território de Nagorno-Karabach. O importante é notar que a
partir de 1988, as formas de organização autônomas ( desde neformal’nye ob”edineniya até forças étnicas centrífugas ) começaram a se separar do controle do
Estado e do Partido.
E a URSS se retira do Afegansitão... em
maio de 1988 retiram-se os soldads russos que combatiam as guerrilhas islâmicas
armadas pelos EUA, que ameaçavam o governo pró-comunista lá instalado. A
intervenção custou 15 mil mortos e bilhões de rublos. Foi um momento marcante
no decorrer da perestroika, as
comparações com a guerra do Vietnã, em que 50 estadunidense foram mortos foi
inevitável...
XIX
Conferência, o marco da lei das cooperativas, monopólio do comércio exterior...
Em 26 de maio de 1988, a lei sobre cooperação da URSS permitia a criação de
empresas cooperativadas (com no mínimo três sócios) que funcionariam de forma
independente do governo. Além disso, elas poderiam contratar mão-de-obra
assalariada de terceiros (na forma de contratos temporários ou de longo prazo).
O governo depositava muitas esperanças nas cooperativas, pois eram menores e
mais ágeis, cobrindo assim as deficiências das burocratizadas firmas estatais.
Enfurecia a população, ver produtos esgotados nas lojas estatais, onde eram
vendidos a baixo custo e milagrosamente esses mesmos produtos estarem em lojas
destas cooperativas, com preços bem mais altos. Mas uma vez as opiniões sobre
as cooperativas estavam divididas, os conservadores os identificavam a uma
reencarnação dos nepmen,
especuladores dos anos 1920. Ainda assim, em 2 de dezembro de 1988, um decreto
do Conselho de Ministros deu as empresas estatais e cooperativas a
possibilidade de obter permissão para exportar e importar por conta própria. As
transações que antes eram realizadas apenas pelo Ministério dos Comércio
Exterior, sob a alegação de lentidão e burocracia excessiva, puderam agora, sob
permissão especial, ser feita diretamente com estrangeiros. Vê-se portanto que
o processo de transformação radical –perestroika–
sai do controle do PCUS, estando agora as discussões mais abertas à orgnizações
fora dos limites impostos pelo partido. As posições polarizadas dentro do politburo se radicalizaram, uns achando
que as reformas da perestroika
deveriam se aprofundar, outros achando que o caminho escolhido estava afastando-os
dos valores socialistas básicos. Essa batalha ideológica estava gradualmente
sendo vencida pelos reformistas, como se vê na liberação de comércio com o
exterior e a liberação para a criação de cooperativas, além claro, da
contratação de mão-de-obra assalariada. Ainda assim, o fato de a economia Ter
sofrido melhora no ano de 1988, forneceu um estímulo a mais para os
reformistas.
2.3. O ano
de 1986 começa com as eleições para o Congresso de Deputados do Povo (base do
novo parlamento reorganizado). Eram os deputados do povo que
escolheriam por sua vez, os representantes no Soviete Supremo. Apesar do PCUS
ser o único partido registrado, foram aceitas candidaturas independentes,
contudo o PCUS foi mesmo o grande vencedor, com 87% dos eleitos em toda a URSS.
Os debates para a escolha dos Sovietes Supremos e das grandes decisões, de 25
de maio a 9 e junho, criaram grandes pespctivas, pois foram televisionados e
grandes multidões em Moscou por exemplo; reuniam-se na área do Estádio Lênin
para debater essas questões. Nesse congresso foram eleitos vários
oposicionistas ou potenciais oposicionistas, como Yeltsin, que agora saíra do
ostracismo. Muitos destes oposicionistas reuniram-se no chamado Grupo
Inter-Regional de Deputados. Este grupo já tendia a posições favoráveis a
economia de mercado, permissão de alguma forma de propriedade privada e o fim
do monopartidarismo.
E
grandes greves reaparecem... Em 1989, os mineiros, ao não terem
suas reivindicações atendidas, iniciaram um greve “selvagem”, isto é, sem a
sanção do sindicato. Em 10 de julho. A greve se espalhara como fogo, atingindo
158 minas e 177 mil trabalhadores em diversas regiões. Faziam exigências
econômicas-ecológicas, uma nova constituição e que o primeiro ministro Nicolai
Ryzhokov e Gorbachev fizessem parte da negociação. Os comitês de grave
transformaram-se em comitês de operários para fiscalizar cumprimento dos acordos. Mais greves surgiram
nos dois anos seguintes. O recém surgido Sindicato Independente dos Mineiros
(1989) apoiariam Yeltsin contra Gorbachev.
E
a economia em 1989. A primeiro de Abril, um Decreto do Conselho de
Ministros passou a permitir o arrendamento, por particulares, de empresas ou
instalações do governo. A medida visava a melhor qualidade dos serviços na
URSS. Partia também do princípio de que o patrimônio permaneceria do Estado,
sendo o usufruto do arrendatário. A Comissão Estatal para a Reforma Econômica,
em outubro de 1989, publica um projeto intitulado “Reforma econômica Radical:
medidas imediatas e a longo prazo”, denominado também de “Plano Abalkin”,
referência ao nome do chefe da comissão. Este propunha vários formas de
propriedade na URSS: estatal, cooperativa, arrendamento e outras. Também
propunha a adoção de “mecanismos de mercado” como preços livres, competição econômica
e criação de bolças de valores. Um ponto de preocupação na agenda econômica da Perestroika, foi o déficit do orçamento
da União. Em 1986, ele já era de 6%, chegando em 1988 a 10%. O déficit fiscal
tinha várias raízes, tais como a campanha antialcoolismo de Gorbachev, que
gerou diminuição da arrecadação de impostos e também a sua política de uskoreine (aceleração), onde houve
grande aumento no nível de investimentos, os salários e subsídios aos
consumidores estavam sendo aumentados a cima do ritmo da produtividade. A lei da empresa Estatal, dera as empresas
liberdade de fixar níveis de salários, e como o gerente era eleito pelos
funcionários, os salários tendiam a aumentos acima do ritmo de aumento da
produtividade. Isso ocasionou um excesso de Rublos circulando no país. O FMI
calcularia que em 1990, o excesso de dinheiro em circulação na URSS alcançava
250 bilhões de rublos, ou 18% do PNB do país.
2.4. Fase
de restauração capitalista e desintegração da URSS (segundo semestre de 1990 e
1991). Nesta altura o PCUS já havia perdido muito de sua força,
Nina Andreeva liderava uma frente de herança leninista-stalinista contra a
ameaça que consideravam o “revisionismo” de Gorbachev. Enquanto os chamados
democratas criam as Frentes Populares nacionalistas nas Repúblicas, o
descontentamento com a política de Gorbachev gera a OFT (Frente Unida dos
Trabalhadores), que defendia a integridade da URSS, contrapondo-se as Frentes
Populares. O OFT era também contra qualquer política que levasse a instauração
de medidas econômicas de mercado. Tinham grande atividade em agitações nas
fábricas, apesar de pouco apoio popular. Em 1990, nasce a Federação dos
Sindicatos Independentes da Rússia (FNPR), mais forte. Geralmente, os
sindicatos independentes tenderam a aceitas uma economia de mercado, pois não
queriam a continuação do sistema burocrático soviético. Várias apoiavam Yeltsin
contra Gorbachev. Os Democratas já pregavam o fim do partidarismo e uma
economia de mercado não controlada pelo Estado, caracteristica do capitalismo
social-democrata.
XXVIII
Congresso... Quatro “plataformas” coexistiam: Além da plataforma reformista
de Gorbachev, a Unidade, chefiados
por Nina Andreeva, pregava o combate ao revisionismo e uma volta aos métodos
leninistas-stalinistas de luta de classes. A platafomra Marxista, que também combatia a política de Gorbachev, porém também
era contra o autoritarismo do modelo stalinista, combatendo também o elitismo
existente no PCUS. Já a plataforma Democrática representava os elementos do
partido comprometidos com uma reforma mais radical, em direção a uma economia
de mercado e na transformação do PCUS em um partido social-democrata no estilo
dos ocidentais. Como resultado do XXVIII Congresso, vê-se a diminuição do poder
do PCUS como um todo, e o aumento do poder pessoal de Gorbachev, que foi eleito
para o recém criado cargo de Presidente da URSS.
Fim do monopartidarismo!!! Em 13 de
março de 1990, foi revogada, por influência de Gorbachev, o artigo que
determinava que o PCUS era o “líder e força-guia da sociedade soviética e o
núcleo de seu sistema política”. Foi quando foi criado o cargo de Presidente da
URSS, pelo Soviete Supremo. A justificativa usada é que a crise econômica,
juntamente com os movimentos nacionalistas estavam- criando um começo de anarquia
e só o presidente com poderes fortes poderia combater tal problema.
Mikhail
vs. Boris... a polarização de forças continuava, tendo agora Gorbachev
acumulando o cargo de secretário-geral e Presidente da URSS, porém tendo um
parlamento cheio de Democratas e Yeltsin como eleito para o cargo de Presidente
do Soviete Supremo.
Do lado da economia, 1990... Este
foi o ano que o PCU, premida pela crise econômica e o caos social, abandona
qualquer perspectiva de desenvolvimento puramente socialista. O governo comunista
já nem insistia na expressão socialismo de mercado, prevalecendo economia de
mercado. Os democratas, por sua vez, desistiram da economia de mercado e se
utilizavam da expressão capitalismo, pura e simplesmente.
Os
principais marcos: Em 6 de maio de 1990, a Lei sobre a propriedade na URSS;
Em 16 de agosto, um decreto do Conselho de Ministros estabeleceu medidas para a
desmonopolização da economia (Incentivo à concorrência); Em setembro/outubro, o
“Plano Shatalin” ou “Plano dos 500 dias”, que propunha uma passagem
extremamente rápida e radiacal para a economia de mercado no prazo e 500 dias.
Através de um programa de privatização em larga escala. A palavra socialismo
não viera mencionada uma só vez no programa. Outro grupo criou o “Plano
Ryzhkov”, este com característica de passagem gradual e lenta à economia de
mercado. Os dois planos foram rejeitados pelo Soviete Supremo que deu três
semanas para Gorbachev apresentar um programa próprio. Sendo este preparado no
espaço de tempo determinado, o Soviet Supremo aprovou o chamado “Orientações
básicas para a estabilização econômica e transição para a economia de mercado”.
É a nova “economia de mercado” que o governo
diz ser “regulado”. Enquanto os de Gorbachev se utilizavam da expressão
“desestatização” os de Yeltsin já usavam a palavra “privatização”.
Problemas
econômicos, étnicos-nacionais, políticos... A inflação, que não existia
antes da perestroika, e que os
soviéticos não estavam acostumados, já estava em 14% em 1990. As demandas
nacionalistas lavraram, ao final de 1990, a Estônia, Lituânia e Letônia que já
tinham declarado independência, e até o primeiro semestre de 1991, todas as
outras Repúblicas já tinham declarado soberania ao centro. Ou seja, suas leis
estariam agora acima das soviéticas em caso de conflito.
No campo econômico, 1991... Em 19 de
março um decreto “sobre a reforma de preços varejistas”, determinou o gradual
fim do tabelamento de preços na lojas estatais de varejo da URSS. Em 12 de
abril, Sobre os princípios gerais da empresa privada na URSS” permitia e
regulamentava a propriedade privada e atividade capitalista no país. Em 5 de
janeiro, um decreto presidencial “sobre tarefas prioritárias para implementação
da reforma agrária” deu permissão para redistribuição de terras que considerassem
improdutivas, em forma de arrendamento.
Na
política, 1991... Em junho de 1991, foram realizadas as eleições para
Presidente da Rússia, onde Yeltsin saiu vencedor, aumentando assim seu poder na
disputa pessoal com Gorbachev. As 15 Repúblicas se recusavam a obedecer e
colaborar com o poder central e embora grande parte da população estivesse a
favor de preservar a integridade territorial da URSS, três propostas de
Gorbachev para a assinatura de um novo Tratado da União tinham sido rejeitados.
Em 23 de abril, de 1991, no subúrbio moscovita de Novo Ogarevo, Gorbachev e a
maioria dos líderes de outras Repúblicas tentaram um acordo que inicialmente
foi rejeitado. Porém, depois de muita discussão, a partir da fórmula de Novo
ogarevo, foi criado um tratado de “União dos Estados Soberanos”, onde todas as
Repúblicas decidiram participar. Este tratado seria assinado no dia 20 de
agosto de 1991, contudo um dia antes, veio o golpe (putsch)...
A tentativa de golpe, de agosto de 1991...
Os golpistas anunciaram que Gorbachev estaria incapacitado por razões de saúde,
e o vice-presidente da URSS, Gennady Yanayev, assumiriam o posto em nome do
GKChP (Gosudarstvennyi Komitet po
Chresvychainomu Polozheniyu) ou Comitê Estatal do Estado de Emergência.
Além do vice-presidente Yanayev, estavam lá como golpistas o primeiro ministro
Valentin Pavlov; o ministro do interior Boris Pugo; Tizyakov, presidente de uma
associação de empresas estatais; o chefe da KGB, Vladimir Kryuchkov e o ministro da Defesa, Dimitri Yazov entre
outros. Os membros do GKChP disseram que não eram contra o prosseguimento das
reforma básicas no sistemas, mas queriam melhora-lo, anunciando medidas de
cunho popular, como combate ao crime e melhorias no sistema habitacional. Da
entrevista que deram, depreendia-se que o fator principal que teria
desencadiado o golpe, teria sido a ameaça de desintegração da unidade
territorial que antes formava a URSS e não as reformas econômicas em si. Foram
proibidos os protestos e manifestações, houve censura aos meios de comunicação
e jornais foram fechados. Em Moscou, Yeltsin entrincheirou-se com seus
partidários no prédio do parlamento russo, conhecido como “Casa Branca”. Lá fez
um discurso para 20 mil moscovitas, conclamando-os contra o golpe de Estado.
Uma multidão estabeleceu barricadas improvisadas ao redor do parlamento,
fazendo vigília no local. Os integrantes do GKChP esperavam um golpe limpo, sem
derramamento de sangue, porém viram-se frente a um dilema no parlamento. Se
quisessem continuar com o golpe, teriam que combater a população que estava em
vigília frente ao parlamento. Além disso faltava-os união e objetivos claros,
faltava-os grande apoio popular, e isso tudo levou ao esvaziamento do golpe já
no terceiro dia.
Comemorações
e Gorbachev de volta num admirável mundo novo... Os
democratas sentiram o gosto do poder e os sentimentos anticomunistas estavam em
alta depois da tentativa de golpe. Yeltsin tinha saído como herói e acusava
diretamente o partido comunista pela tentativa de golpe. Gorbachev, voltando de
avião no dia 22 de agosto, agradeceu o apoio de Yeltsin e se mostrou pronto a
reassumir as funções de presidente, no novo tratado acertado entre as
Repúblicas. No entanto, teve de enfrentar um sessão de perguntas de como
deixara chegar tão perto de si tantos golpistas e auxiliares desleais ao seu
governo. O governo de Gorbachev caiu em descrédito e Yeltsin aproveitou para
exercer seu poder, forçando Gorbachev a colocar em seu gabinete pessoas
favoráveis a ele. Gorbachev, na qualidade de presidente, assinou decretos que
ordenavam o fim da intromissão do partido comunista do governo e nas forças
armadas, além de passar imensas propriedades do PCUS para a custódia do
parlamento. O prestígio de Gorbachev atingira seu nível mais baixo, várias
Repúblicas voltaram a declarar independência e Gorbachev demitiu-se da posição
de secretário-geral já no dia 24 de agosto, estando agora, a frente apenas do
governo da União, que porém, quase não tinha Repúblicas.
3. os problemas étnicos-nacionais na
URSS
A União soviética era um mosaico de
nacionalidades, havia mais de cem oficialmente registradas. No cerne estavam as
chamadas nacionalidades titulares, isto é, aquelas que davam nome às quinze
repúblicas que constituíam a URSS: Rússia, Bielo-Rússia, Ucrânia, Armênia,
Geórgia, Azerbaijão, Moldávia, Lituânia, Estônia, Letônia, Quirguízia,
Usbequistão, Cazaquistão, Tadjiquistão e Turcomênia. Ao contrário do Jus soli
adotado no Brasil, na Rússia, a nacionalidade é definida pelo jus sanguinis,
onde o critério jurídico para definição da nacionalidade é descendência dele.
Ou seja, se os pais são alemães, mesmo que o indivíduo tenha nascido na Rússia
e fale russo, este será registrado como alemão. É importante intender isso,
pois o jus sanguinis tem a tendência de eternalizar as diferenças étnicas, e no
caso de problemas de disputas internas, podem potencializar as complicações,
como foi o caso da URSS. Sabemos que em situações de crise é comum a busca por
“Bodes expiatórios”, esse era o caso soviético, no fundo, seus conflitos
étnicos tinham motivações econômicas que davam vazão nas disputas étnicas.
Sumgait,
fevereiro de 1988. O episódio é de fevereiro de 1988, onde armênios e
azerbaijanos disputam o território de Nagorno-Karabach. Em 1923, apesar de 95%
da população desta localidade ser de armênios, o governo soviético decidiu que
ele deveria fazer parte do território azerbaijano. Em 28 de fevereiro, as
notícias oficiais de que dois azerbaijanos teriam morrido em choque com
armênios perto da cidade de Agdan provocaram um massacre contra armênios que
viviam em Sumgait, um subúrbio de Baku, a capital do Azerbaijão. Nos dois dias
de duração do pogrom morreram 30
pessoas e centenas ficaram feridas.
1989
em diante: disseminação dos conflitos étnicos. No vale de Fergana no
Usbequistão, na primeira quinzena de junho de 1989, usbeques realizaram um pogrom contra a minoria turca
meskhetiana. De 17-21 de junho de 1989, na cidade petroleira de Novyi Uzen (no
Cazaquistão), ocorreram demonstrações violentas de rua, durante as quais
cesaques entraram em conflito com trabalhdores imigrantes de outras repúblicas
(lesguianos do Daguestã, chechenos, inguches e ossétios). Na região de Osh
(república da Quirguízia), no verão de 1990, explodiu um conflito entre
usbeques e quirguizes com mais de 100 mortos. É importante ressaltar que por
trás dos conflitos étnicos acima descritos frequentimenthá motivações
econômicas, como o caso dos cazaques de Novyi Uzen, premidos pelo desemprego,
lutavam pela expulsão dos trabalhadores imigrantes de outras nacionalidades. No
campo política esses conflitos foram frequentemente utilizados como roupagem
para a destruição dos sistema soviético, sobre tudo na época em que os
democratas ainda não se utilizavam abertamente do termo capitalismo.
Sumário
dos movimentos nacionalistas organizados nas repúblicas. A
Lituânia, a Letônia e as Estônia, tiveram grande importância quanto as lutas
nacionais dentro da URSS. Eram as únicas, junto com partes da Moldávia, que
haviam experimentado ser independentes durante o hiato entre a 1ª e a 2ª G.M.,
sendo incorporadas em 1940. Ali o nível de insatisfação com os russos era mais
alto e os movimentos autonomistas começaram mais cedo a se fortalecer, tomando
a forma de frentes populares criadas para coordenar o movimento e unificação
dos grupos e organizações informais (neformal’nye
ob”edineniya) que vinham sendo criados desde o início da perestroika. A primeira frente popular
criada foi a da Lituânia (chamada Saiudis), em sua capital, Vilnius, em 3 de
junho de 1988. Em Tallin, a 1° de outubro de 1988, foi inaugurada a frente
popular estoniana e, em 8 de outubro de 1988, em Riga, a da Letônia. Em 13 e 14
de maio de 1989, seria estruturado o Conselho
do Báltico para coordenar as ações destes três movimentos. Do Báltico, a
estratégia de frentes populares foi se espalhando para diversas outras
repúblicas.
Em
contra-posição, no Báltico e em outras repúblicas, a população russa local
formaria os chamados interfront, ou
Frentes internacionalistas, que se opunham às reivindicações nacionalistas e
separatistas. Contudo, excetuando a região Báltica o restante dos movimentos
nacionalistas estavam ainda na fase de reivindicações lingüisticas, ecológicas
e de certa autonomia.
Março de
1990 marcou também as eleições soviéticas para os parlamentos locais e das repúblicas.
Como resultado delas, Yeltsin foi eleito (a 29 de maio) presidente do Soviete
Supremo da Federação (República) Russa, com a plataforma de “soberania total” à
Rússia. Em 13 de março de 1990 foi criado também o cargo de presidente da URSS,
para o qual foi nomeado Gorbachev. Em 11 de junho de 1990, a própria Rússia
declarou soberania em relação à URSS (e, finalmente, a 31 de outubro de 1990, a
última das 15 repúblicas que ainda não dera este passo, a Quirguízia, também o
fez). O PCUS, acusado de ter tomado parte na tentativa de putsch de agosto, teve sua existência legal suspensa pelo Soviete
Supremo em 29/08/91. Em 18 de outubro é assinado um acordo em Alma Atá para a
formação de uma “comunidade” (evitou-se a palavra “união”) econômica entre as
ex-republicas. O tratado, entretanto, foi assinado por apenas oito das
repúblicas (continha também a assinatura de Gorbachev). Em vista do dilema
formado, em que se estava tornando impossível conseguir o consenso de todas as
repúblicas, a 8 de dezembro, em Minsk, os chefes de estado da Rússia,
Bielo-Rússia e Ucrânia declararam que suas repúblicas estavam retirando-se
unilateralmente da URSS (isso foi decidido em uma reunião secreta formada por
Yeltsin, na Bielo-Rússia, em que ficou acordado que sairiam da URSS e fundariam
a CEI, convidando as outras repúblicas), iniciando a formação de uma Comunidade
de Estados Independentes e convidando as outras repúblicas a se juntarem a
elas. Isto acabaria ocorrendo. Em 21 de dezembro, em Alma Atá, as repúblicas da
URSS (menos as três do Báltico, já independentes, e a Geórgia, que se
encontrava em guerra civil interna) assinaram oficialmente a criação da SNG (Sodruzhestvo Nezavisimikh Gosudarstv ou
Comunidade dos Estados Independenes CEI). Em 25 de dezembro, Gorbachev anunciou
sua renúncia pessoal ao cargo de Presidente da URSS, passando o “botão nuclear”
a Yeltsin. Em 26 de dezembro, a dissolução oficial da URSS é votada por um
pequeno grupo de cerca de 30 deputados do parlamento soviético, que aprovam o
tratado de Alma Atá (criador de CEI). Com a renúcia de Gorbachev a 25 de
dezembro a autodissolução da URSS, assinada por parte dos deputados do Soviete
Supremo, encerrava-se uma das mais importantes páginas da história do movimento
comunista mundial: a existência da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.
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