O dia do funcionário Telemar
· Sábado, dia 31 de abril Am
7:20 Tenta entrar com seu carro na
empresa, mas é advertido pela segurança de que todos os cartões de
estacionamento já foram distribuídos aos seus monitores e supervisores.
· Am 7:30 O funcionário entra e vai até o vestiário,
então descobre que seu uniforme foi roubado.
· Am 7:45 Ele vai assinar o ponto e vê a sala está
fechada, pois nenhum supervisor chegou.
· Am 7:55 Ouve falar de um boato, por alto que há uma
reunião no refeitório.
· Am 8:00 Chega ao refeitório, e não há mais lugar
para ele sentar.
· Am 8:15 Já cansado de estar em pé, começa a
reunião.
· Am 8:16 É advertido que sua produção esta baixa e
que deve trabalhar mais e até mais tarde, sob pena de demissão.
· Am 8:20 É informado que trabalhando aos sábados,
suas horas-extra serão pagas.
· Am 9:00 Dispensado da reunião, tenta começar a
trabalhar, mas sua chave, já gasta, quebra na ignição. Seu supervisor informa
que não pode fazer outra chave, já que a Telemar não pagou ao chaveiro.
· Am 9:25 Já com chaves novas, pagas com seu
dinheiro, vai até o velho e imundo armário, abre e um rato pula sobre ele.
· Am 9:26 1º Ameaça de morte dos moradores, por estar
criando ratos no armário.
· Am 9:40 Um defeito; um fio cortado em uma tubulação
predial.
· Am 9:45 Recebe um comunicado de um amigo dizendo
que em Irajá não há nem esterps para o pneu do carro, então lembra que o seu
esta no aço.
· Am 9:50 Consegue falar com a sua estação e pede com
urgência um passa-fio.
· Am 9:55 Recebe uma instalação.
· Am 10:25 Pergunta na casa indicada se o futuro
assinante está em casa. É avisado que aquele senhor já morreu a 2 anos mas
mesmo assim ele tem que instalar.
· Am 10:40 Comunicado da despachante e do supervisor
cobrando produção.
· Am 10:45 A duas quadras dali... Uma caixa
secundária... Sem facilidade... Já na outra quadra, em outra caixa, esbarra num
transformador de luz.
· Am 11:15 Acorda com um balde d’água gelada no rosto,
jogado pelo assinante, dizendo tem que ser instalado...
· Am 11:16 Lembra na reunião que não teve a oportunidade
de colocar sua marmita na estufa.
· Am 11:20 2º ameaça de morte feita por que deixou toda
rua inteira sem luz.
· Am 11:25 Chega a estação, mas sua comida já esta
estragada. Seus tíquetes e o seu salário ainda não chegaram. Sem saída, volta a
trabalhar.
· Pm 12:50 Termina a instalação, assinante reclama da
demora. Despachante liga do seu almoço, e avisa que terá que ficar até mais
tarde, para aumentar a produção. Também pergunta por aquele defeito.
· Pm 13:15 recebe outro defeito. Anota aí: Rua x Quadra z
lt. 172 casa.51 sobrado, fundos. Ponto de referência: Est. Dos
Bandeirantes S/N.
· Pm 13:45 No armário, o par primário está mudo.
· Pm 14:45 Consegue falar com o examinador, então
descobre que além de mudo, alinha está “aberta”. Sozinho, manobra o secundário.
· Pm 15:00 Comunicado da despachante e do supervisor
cobrando produção.
· Pm 15:15 O fio do assinante também está arrebentado.
· Pm 15:45 Comunicado da despachante e do supervisor
cobrando produção.
· Pm 15:50 Troca toda a fiação e percebe que seu
“ruído” ainda não chegou. Volta ao armário.
· Pm 16:15 Assinante desiste de esperar e sai de casa.
· Pm 16:30 Ligador troca o módulo.
· Pm 16:25 Despachante avisa que aquela nota não vai
entrar para sua produção, pois o local estava fechado.
· Pm 16:30 O rádio comunica que encontraram um passa-fio
mas quando vão dizer com quem está, a bateria acaba pois o carregador que a
Telemar lhe deu, está com defeito. Ao trocar a bateria, não consegue falar com
ninguém.
· Pm 16:45 Chega a estação e consegue o passa-fio.
· Pm 16:46 Comunicado da despachante e do supervisor
cobrando produção.
· Pm 16:55 Passa-fio do colega, já gasto, arrebenta,
então ele compra dois passa-fios.
· Pm 17:25 Já com o fio passado, descobre que o módulo
queimou no D.G.
· Pm 17:26 Comunicado da despachante e do supervisor
cobrando produção.
· Pm 17:45 Assinante reclama da demora.
· Pm 17:46 Consegue falar com o exame.
· Pm 17:46 1º esporro do examinador: Porra! A essa
hora?!
· Pm 17:55 Ligador troca o módulo.
· Pm 18:15 Ele fecha o serviço, assinante começa a
reclamar: Diz que se ficar mudo novamente... Vai entregar sua matrícula e a
placa do seu carro para Telemar.
· Pm 18:25 Ainda levando esporro, despachante liga para
assinante e pergunta tudo que você fez... se foi bem atendida... se foi
entregue o comprovante de visita... se ele pediu algum dinheiro por isso.
Assinante diz que foi mal atendida e que o reparador e muito devagar.
· Pm 18:35 Ele volta a estação e se depara com um
caminhão-segonha. Ao perguntar o que houve...
-Ô terrível!!! A essa hora??!! Põe logo o carro lá em cima por que a
Telemar não pagou o aluguel deles.
· Pm 18:45 Vai até o vestiário, descobre que a sua
toalha foi roubada.
· Pm 19:00 Resolve ir embora e ao chegar na rua ao
lado, vê que seu carro foi rebocado.
· Pm 20:30 Ao pagar o Estado, consegue retirar o seu
carro todo arranhado do estacionamento em Realengo. No caminho, ao passar em
frente a Telemar, o seu pneu fura.
· Pm 21:30 Chegando em casa, sua mulher pergunta aonde
estava, não acredita em você... Porque você trabalha tanto, só você é que é
trabalha assim...!!! E não recebe hora-extra! Você tem outra mulher na rua!
Tava na farra!
· Pm 22:30 Sua mulher tranca a porta do quarto e como
sua casa está em construção, só há banheiro no quarto, fica então sem banho, no
sofá com sua cadela Semfac. Ao querer ligar a TV, lembra que o téc. de TV não
devolveu seu aparelho pois não recebeu no dia certo. (nem ele). Tira o telefone
do gancho e pede uma pizza, mas seu telefone faz tanto barulho que o atendente
anota o endereço errado.
· Pm 11:40 Desiste de esperar e dorme do jeito que
está.
Dia 1 de maio
· Domingo: Am 5:30 ao acordar
para trabalhar, uma dor imensa no ombro. Logo é internado, descobre que sofre
de uma tendinite, que se mostra aguda pelo esforço repetitivo. O médico pede
para que ele fique em casa durante uma semana.
Dia 2 de maio
·
Segunda: Am 8:00 Ele entrega na seção, seu atestado médico e diz que
mesmo assim vai trabalhar amanhã.
Dia 3 de maio
·
Terça Pm 18: 15 Depois de trabalhar mais um dia inteiro com o ombro
doendo, enfim esse herói e libertado.
Demitido.
Baixa produção.
Essa não é uma obra de ficção, embora o personagem
principal seja um e ao mesmo tempo todos nós. O objetivo é claro; transparecer
que nem sempre ser uma empresa grande é sinônimo de ser uma grande empresa. As
mudanças destinadas a melhorar o atendimento e imagem da empresa seriam sim,
válidos se a nossa área de marketing soubesse do paradoxo que enfrentamos; do
funcionário da extinta Telerj, que apesar de mal falada, recebia em dia e fazia
o seu papel com amor. E da Telerj que agora é Telemar, seus milhões, gastos em
publicidade e seus funcionários desanimados, cansados e mal remunerados.
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