A
apreciação do maquinismo, de Koyré.
A história da
relação da filosofia e dos filósofos com relação a técnica, iniciou-se com uma
resignação sem esperança (relatada na antiguidade), à esperança entusiasmada
(época moderna) para retornar a resignação desesperada (época contemporânea).
Relativa a
antiguidade, temos a insuficiência de instrumentos para uma possível utilização
de estudos em máquinas. Reina nesta época a esperança de que um dia a máquina
traria ao homem mais conforto, paz e descanso. No entanto, com o início da
utilização dessa tecnologia (séc. XVI e XVII), o que notou-se foi o aumento da
exploração do homem, e dessa vez não só pelo homem, mas também pelo seu próprio
advento, a máquina. Tudo melhorou, é verdade, mas apenas para aqueles que
detinham os meios de produção e acumularam também a mão de obra, e não para as
pessoas que na prática, tiveram seus campos cercados, seus salários achatados,
sua jornada de trabalho aumentada e tiveram que se amontoar no meio urbano. O
conceito do exército de reserva foi empregado ( muitos trabalhadores com pouca
oferta de trabalho), a miséria e exploração pelas jornadas de trabalho de até
dezessete horas tornou-se comum e corriqueiro.
A esperança
nas máquinas se foi e com ela passaram a existir descrenças e desconfianças
nessa novidade. Fomentam-se então, uniões de trabalhadores e movimentos contra
essas máquinas. O homem se via desolado e posto em cheque por uma realidade tão
agressiva e inóspita.
O
trabalhador braçal foi preterido e discriminado ao trabalhador intelectual,
dizia-se que pesquisar as aplicações práticas era perder a dignidade, era
decair. O hiato aberto entre o servil e o liberal prolonga-se ao técnico e
científico. Hoje, a concepção aristotélica (ou platônica), confirmada pela
história atesta ser evidente que é técnica que precede a ciência e não
vice-versa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário