BRANDÃO, Zaia. A teoria como hipótese. IN: Teoria e Educação, n. 5, p. 161-169,
1992.
MINAYO, Cecília. (org.). Pesquisa social –teoria, método e
criatividade. Coleção Temas Sociais. Ed. Vozes, Petrópolis, 2011.
Zaia Brandão inicia seu texto posicionando-se diante
de seu leitor. Os seus vinte anos de trabalho estudando a educação pública e
gratuita dispensada as classes mais baixas da pirâmide social brasileira,
contrapõe-se a sua disposição atual de analisar a educação alta qualidade
recebida pelas elites do país. Contudo, Brandão afirma que apesar desta mudança
radical, não pretende explorar dicotomias em seu ensaio, como se estivesse
presa em uma “camisa de força”, como apontou Cecília Minayo, mas pelo
contrário, pretende apontar caminhos da recente produção acadêmica, que sofre
certo engessamento causado pela cristalização das opiniões de seus quadros
teóricos.
Minayo e Brandão destacam as possibilidades de
abordagem metodológica existentes atualmente. Grande parte destas propostas são
oriundas da grande flexibilização ocorrida quando a história contada de baixo
para cima passou a ser bem recebida no meio acadêmico. “A flexibilização das
fronteiras entre as áreas do conhecimento e a flexibilização do conceito de
verdade científica [...] resultou no conceito, cada vez mais ampliado, da
verdade como processo” (Minayo, 2011).
A história — tratando um pouco
mais especificamente de nosso caso, a história da educação, possibilita em um
caráter especial um flerte produtivo com os demais campos do conhecimento,
construindo a partir daí um saber rico e diversificado. Brandão não apenas
aponta isso como uma ventura, mas também como um sortilégio, dificultando o
estabelecimento de uma identidade própria para aqueles que trabalham no campo
teórico da educação. Com efeito, em uma sociedade onde as ciências matemáticas
produzem mais valores capitais, a pesquisa quantitativa ainda se impõe sobre a
qualitativa nas verdades constituídas, minando um pouco o esforço da construção
da identidade do campo educacional.
Não obstante, para Brandão, a construção das
verdades não deve ficar submetida a quadros teóricos que não podem ser
frequentemente revisitados e criticados. O modelo espiral da autora aponta a
contínua discussão e embate entre as verdades do campo científico. “O suposto,
neste caso é que com a interdependência crescente dos campos do conhecimento
aprofundou-se a consciência a respeito do quanto há ainda a conhecer, sobre
fenômenos que anteriormente se julgava ter esgotado as possibilidades
compreensivas/ explicativas” (Brandão, 1992).
Tanto Brandão como Minayo desenvolvem seus textos
avaliando a importância para a ciência da desconstrução dessas “Verdades” que
são edificadas durante todo esse processo de construção do campo científico.
Nenhum comentário:
Postar um comentário