Resumo do texto “Piaget na terra de Liliput”
Introdução
“De acordo com essa teoria –teoria dos
estágios-, as crianças de todo o mundo passariam por uma série de etapas de
desenvolvimento intelectual, que se iniciam ao nascimento com o estágio
sensório-motor, depois, seguem com o período pós-operatório que prepara o
período das operações concretas até chegar, finalmente, ao período das
operações formais na época da adolescência.”
O ‘problema’ de J. Piaget: da epistemologia à
psicologia
Como
método de estudo dessas crianças, Piaget utiliza-se de um sistema de equilíbrio
entre o empirismo e o racionalismo, fortes vertentes de análise em sua época.
Para Piaget toda construção de conhecimento é essencialmente dinâmico, pois as
crianças buscam sempre respostas mais adequadas do que as anteriores. As
perguntas podem ser feitas pelo meio externo ou por ela própria, ao não
conseguir entender determinado acontecimento que antes o seu raciocínio
elaborado conseguia dar conta de responder. Segundo o autor, é essa dinâmica
que caracteriza a passagem de uma etapa do conhecimento para uma etapa
posterior.
J.
Piaget, para sustento de uma discussão epistemológica do conhecimento,
propõe-se a discutir as origens do processo científico de construção do
conhecimento. Utiliza-se a partir daí, de estudos feitos com crianças, que lhe
permitem delinear o que chamou de gênese da psicologia, ou psicogênese do
conhecimento científico.
A psicologia genética, o sujeito epistêmico e a
criança
“ [...] sujeito epistêmico [...] corresponde a uma construção teórica,
que retrata aquilo que há de comum em todas as crianças de um mesmo nível de
desenvolvimento. Além do mais, enquanto constituído pelo conjunto de traços
intelectuais que são comuns a todas as crianças de uma mesma faixa etária, o
sujeito epistêmico é por definição um sujeito universal.”
Aqui,
Piaget, utilizando-se de seu sujeito epistêmico, define o objetivo de sua
pesquisa psicogenética: “trata-se de
identificar e caracterizar os passos que levarão ao conhecimento científico.”
Contudo,
algumas limitações são colocadas ao projeto piagetiano: o sujeito epistêmico é
encontrado sob forma de determinadas características intelectuais nas crianças,
porém, esse sujeito epistêmico pode não ser necessariamente uma criança; o
pesquisa exclui um estudo chamado de gênese alternativa, que investiga a
evolução das explicações dadas pelas crianças, que em geral, aproximam-se muito
mais do senso comum do que do conhecimento científico; e ainda assim, a
investigação de Piaget não leva em conta as disparidades sociais, econômicas e
culturais, que influenciam na conduta do sujeito epistêmico.
Como
já foi dito, utilizando-se de um equilíbrio retirado do uso do racionalismo e
do empirismo, Piaget preocupa-se estritamente com o conhecer científico,
deixando de fora pontos importantes de estudo que agem diretamente sobre seu
objeto de pesquisa.
A ‘teoria dos estágios’
Deixando de lado o
referencial de adultos, conseguimos nos aproximar e entender as formas de
pensar desse sujeito epistemológico, que mesmo tendo uma lógica diferente, é
também organizada, sistematizada e sistemática, tal qual a dos adultos.
“A inteligência sensório-motora dos dois primeiros anos de vida,
essencialmente prática, revela um bebê descobrindo-se sujeito autônomo em meio
a um mundo organizado de objetos situados no espaço e no tempo. O período
pré-operatório [...] que levam a uma leitura da realidade que, do ponto de
vista do adulto, é muitas vezes parcial e incompleta, priorizando certos
aspectos em detrimento de outros [...] Já o período da operações concretas –a
idade da razão- [...] possibilita
racionalizar de uma forma cada vez mais organizada e sistemática. O pensamento
hipotético-dedutivo, típicos das operações formais, opera com um universo
abstrato em que a realidade é a realização material de inúmeras possibilidades
pensadas e elaboradas de acordo com uma lógica rigorosa. Neste estágio, o
adolescente raciocina como os cientistas cujos sistemas teóricos se
caracterizam pela sua coerência, o que significa a eliminação de todo tipo e
contradição [...]”
Como as crianças conhecem? As bases do
construtivismo piagetiano
Segundo
Piaget, o sujeito epistêmico interage ativamente com os fenômenos físicos e
sociais em torno de si, elaborando e re-elaborando sua visão do mundo, do seu
conhecimento. Ou seja é um sujeito ativo, que ajuda -caso de um professor- a
construir o conhecimento.
A psicologia genética e a educação
“Quem são nossos alunos? Como entendemos o exercício de ser aluno? Como
imaginamos o fazer discente? Serão os alunos folhas em branco onde nos caberia,
enquanto professores e donos do saber, escrever os conhecimentos e conteúdos
escolares? Ou poderíamos pensar que, como todo e qualquer ser humano, nossos
alunos são sujeitos do conhecimento, ativa e permanentemente envolvidos em dar
sentido à sua vida, às suas experiências e, sobretudo, a si-mesmos? E se
tentarmos pensar nossos alunos enquanto sujeitos de sua aprendizagem, como
concebemos nosso papel e nossa prática de professores?”
O autor termina o texto
deixando a sugestão de que é preciso discutir sempre o tema da forma de ensino,
as relações entre a investigação e a prática docente. Propõe, utilizando-se de
conteúdos extra-curriculares a criação de um planejamento de aula divergente do
que atualmente se vê. O espaço da escola deve ser usado sempre como um espaço de discussão da vida e
realidade de cada um. Apresenta ainda pesquisas que visam investigar a gênese
do conteúdo escolar, que são relacionadas ao construtivismo. Desse modo,
segundo o texto, relacionando-se essas práticas, experimentando sempre a
participação ativa do aluno, unida ao domínio do assunto pelo professor, se
conseguirá que o aluno se aproprie-se do conhecimento.
A respeito da limitações impostas a pesquisa de
Piaget, onde ele não se preocupa em ressaltar aspectos econômicos, culturais e
sociais. Como poderemos saber, utilizando-nos de práticas diárias, quando o
aluno estará atrasado ou adiantado em seu desenvolvimento intelectual?
Na última fase da teoria dos estágios, J. Piaget
explica que através da coerência, o sujeito epistêmico passa a dissipar todo
tipo de contradição. Se interpretarmos a ‘coerência’ como visão do que é a
realidade para o adulto, como um cientista atual pode sustentar que o
pensamento hipotético-dedutivo é a última fase do desenvolvimento intelectual,
se o adolescente ainda tem sérias dificuldades de ver e agir das formas que um
adulto julga coerente?
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