Resumo dos textos
de Revel e Broudel
No texto de Revel, a
confrontação entre história e as ciências sociais tem determinado um debate
difícil e instável. Na experiência francesa, criou-se a idéia de que a história
devesse manter, de direito, relações privilegiadas com as ciências sociais. Uma
vez exposto o princípio, tudo estava por construir, ou seja, os modelos de
coexistência e da troca entre disciplinas. Não obstante, a palavra
interdisciplinalidade, pode resumir os aspectos contrários discutidos.
Para Braudel, há uma
dificuldade de se estabelecer uma disciplina unificadora do conhecimento
social, ainda que se apresente como uma pátria e uma linguagem diferente, o que
menos justifica é ser uma carreira específica, com suas regras. Uma imagem
ainda que não produza um raciocínio, limita explicações com o objetivo de
reduzir suas dificuldades. O autor dá exemplos de que caso todas as ciências
tivessem interesse por uma paisagem única e comum das ações a qualquer tempo, a
ciência tornaria-se apenas observatórios com visões individuais e distintas.
Revel cita que o problema
de interdiciplinalidade é abordado pelas escolas alemães, italianas ou
anglo-saxãs, porém, prefere tratar do conceito da versão francesa, a qual
considera mais original. O autor estuda três linhas seguidas: a de Durkhein, a
alternativa pragmática e a interdisciplinalidade integradora.
Nos séculos XIX e XX,
houve na França uma reformulação no currículo e a profissionalização da
disciplina história. Émile Durkhein definia a unificação das ciências sociais,
alegando que seria capaz de manter unidade do conjunto das outras disciplinas
das ciências sociais. Tais idéias sofrem oposição de vários estudiosos da época
que consideraram que o modelo de cientificidade reivindicado pelos sociólogos já
estava obsoleto e que deverá ser reconstruído sobre novas bases.
O caso da alternativa
pragmática: “as ciências do homem”, é estudado através de Henri Berr. Berr
funda em 1900 a revista de síntese histórica que destinava-se a acompanhar a
realização de um projeto desmesurado de síntese enciclopédica dos
conhecimentos. Para Berr, a história ocupa em seu programa em lugar central, ou
melhor: organizador.
Marc Bloch e Lucien Febre
em as Annales, lançam um programa de
dupla confrontação entre as múltiplas abordagens do presente, ilustrados pelas
ciências sociais e que devem enriquecer os modelos de inteligibilidade do
passado; e por outro, em sentido inverso, entre a experiência do passado e a
interpretação do contemporâneo. Este trabalho foi considerado mais empírico e
mais operacional. Revel traça um quadro estrutural da época; do início dos anos
60 ao início dos 70, apareceu um programa de cientificidade única, lançando
todas as práticas eruditas no inferno do empirismo.
Já a
interdisciplinalidade integradora, multiplicou-se e estendeu-se para aos EUA,
Itália e Alemanha. A sociologia e a antropologia, são algum modo coextensivas à
história, e que tem em comum com ela uma semelhante indeterminação de seu
objeto. O confronto entre as disciplinas tende para um integração entre elas,
cuja a identidade perde pouco a pouco sua evidência. Isso se dá durante os anos
70 e boa parte doas anos 80.
De acordo com Braudel, a
história tenta, na maneira do possível, fazer discussões sobre a
irredutibilidade das ciências humanas. Mas faz crítica a uma outra parte da
história que domina o nosso tempo e dominará por muito tempo, devido a inércia
possível de ser protestada mais que se mantém em virtude do apoio com quem
conta por parte dos sábios idosos e instituições que só se abrem, quando
deixarmos de ser revolucionários e nos aburguesarmos.
Na realidade, um
conhecimento eficaz das diversas investigações de cada disciplina exigiria uma
grande familiaridade, uma participação ativa, abandono de preconceitos e de
hábitos, não bastaria lançar-se por um momento nestas ou naquelas pesquisas de
vanguarda, sejam elas de sociologia ou economia política. Não basta seguir
pensamentos, tem que reconhece-los, saber de onde vem, qual a sua posição na
integração do conjunto.
Fernand Braudel exemplifica
a utilização da tipificação e dos modelos pelos profissionais da vários ramos
da ciências humanas. Mas também, os chamados estudos complexos ou “área
studies”(como é chamado nos EUA) –a única que pode ser eficaz na atualidade-
que consistem em reunir várias ciências humanas para estudar e definir as
grandes áreas culturais do mundo de hoje.
Esse autor revela seu
protesto contra os inquéritos sociais, onde a economia política é insuficiente
preocupada com a “longa duração”, já que se encontra demasiado vinculada às
tarefas do governo, limitadas também à duvidosa realidade presente. Mas
replicam a Braudel que esse tipo de inquérito não se encontra na vanguarda das
investigações sociais; e por sua vez, W.Rostow e W.Kula asseguram que a
economia, nas mais recentes e válidas investigações, se preocupa em incorporar
os problemas do tempo longo e até se abastece neles. Sendo assim, Braudel chama
a atenção para nos mantermos vigilantes em virtude de omissões e
simplificações, e com a ajuda de alguns atrasos, de não discutir, apesar das
aparências, entre contemporâneos. Ele faz menção de que as conversas e
discussões e até acordos estão sempre atrasados relativo ao tempo do espírito,
tendo assim que nos ajustarmos ou resignarmo-nos a inúteis.
O projeto de integração
das ciências sociais não se realizou. Devemos tentar reconstruir um espaço
possível para as ciências sociais, entretanto este processo esta apenas
começando. O que deve-se fazer é dar atenção às formas que o papel da história
esta sendo redefinido no que diz respeito as ciências sociais e que a partir de
reflexões, poderia encaminhar nos próximos anos, o difícil diálogo entre os historiadores e os
outros profissionais da ciências sociais.
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