Como perceber a Ciência Moderna quando comparada a Ciência Antiga e Medieval: O estudo do real e da teoria na afirmação de que a ciência é a teoria do real.
CIÊNCIA E ARTE
Tanto
a arte, quanto a ciência, para serem entendidas completamente, nos forçam a ir
além do seu estudo apenas como cultura. É claro que ambas podem ser vistas num
enfoque cultural, porém, suas essências só poderão ser capitadas se houver um
aprofundamento no estudo de suas funções e ações no cotidiano das sociedades
contemporâneas.
Como
no texto, a dita ciência ocidental européia, está, crescentemente presente em
nossas formas de pensar e agir. Esse poder, alguns filósofos apontam, deixam até
a filosofia como contemplação e reflexão em segundo plano. No decorrer de nosso
trabalho, perceberemos que isso se deve a diferenciação evidente entre a
ciência como contemplação (antiga) e a ciência como ação sobre o mundo
(moderna). Seu poder se expande com tal força que chega, mesmo enviesado, a
culturas que não tiveram seu ‘berço’ na Grécia. O desenvolvimento de
tecnologias presentes no cotidiano, e, a necessidade de outros povos de
adequação aos avanços materiais para que não fiquem isolados e empobrecidos,
decorrentes deste atraso, nos obrigam a deixar as representações habituais do
que é a ciência e procurar a resposta do que ela realmente é nos dias atuais.
Nesta
relação entre o ocidente e oriente, talvez, esteja aí a verdadeira imposição de
um estilo de vida e pensamento a outra civilização.
A CIÊNCIA É A TEORIA DO REAL
A
explicação para essa afirmação nos remete ao entendimento de que a ciência como
teoria do real é sempre uma expressão da modernidade, visto que a ciência
antiga não se preocupa com o processo produtivo e a ciência medieval,
caracteriza-se como européia, e por sua vez, não planetária como a moderna.
Apesar
de considerarmos a forma moderna de conhecer como revolucionária, Heidegger
destaca sua origem na essência do pensamento grego; um diálogo com pensadores
gregos e sua linguagem, que, segundo ele, ainda está para começar. É a idéia de
saber o porquê do pensamento grego em sua essência, está tão presente nos dias
de hoje, e porquê, mesmo assim, a técnica moderna é tão estranha a antiguidade
grega.
Ainda
segundo o autor, o estudo da afirmação a
ciência é a teoria do real apontaria em suas palavras um entendimento interessante
para esse problema. Na ciência moderna, o real
é o vigente, ou seja, aquilo que e
percebe como realidade, concebido, percebido. O real, percebemos, é tanto operante como operado, pois é levado a vigência, aquilo que é acordado pelos
cientistas.
Enquanto
Aristóteles chama vigência de aquilo
que está em pleno vigor de sua propriedade ou que se mantém na plenitude, na
modernidade o termo ganha conotação de capacidade inata para agir. Pensamos, hoje, vigência, como a duração daquilo que
tendo chegado a descobrir-se, assim perdura e permanece. Para o latim, os
romanos já o traduziram como operatio,
ou seja, actio. Usamos cotidianamente
o termo para as leis, ao dizer que determinada lei está ou não em vigência, ou
seja, se ela está ou não atuando.
O
real moderno, têm em sua origem
moderna a indicação de certo, ou
seja, aquilo que não consegue se consolidar em uma posição de certeza e, assim,
não passa de uma mera condição de aparência ou se reduz a algo apenas mental.
Vemos, portanto, que o real ganha aí
uma estabilidade que se mostra como objeto.
E mais ainda, objetividade, no que
diz respeito a vigência do real. Este é uma das especificidades da
ciência moderna.
O
termo teoria têm uma diferenciação
clara no ocidente moderno na antiguidade grega. Enquanto os gregos viam na teoria um modo de viver, ou seja, de ver
o brilhar puro do vigente, um tipo de vida que se dedica a contemplação, a modernidade percebe a teoria como um tipo de vida que se consagra à ação e a produção.
Heidegger escreve ainda que em sentido antigo, a teoria é a visão protetora da
verdade. Neste ponto, a essência
da teoria grega é transplantada para a modernidade, então temos uma elevação do
termo em cada uma de suas dimensões. A esta essência
de que fala Heidegger, estão imbuídas todas as ‘ciências modernas’, como a
biologia, a química, a física...
Vita contemplativa X Vita ativa.
REAL É O QUE SE PODE MEDIR
A
tradução alemã e contemplatio é observação. A pergunta que nos fazemos é
se a ciência moderna pode ser observação,
no sentido de que ela busca exprimir o real.
Tanto
a observação num sentido religioso: consideração religiosa, como, observação
em um sentido de perceber uma experiência de uma vivência, escapam à idéia de
ação no mundo, característica moderna. Logo, num mundo onde a ciência é
essencialmente intervencionista, a observação
não atende a necessidade de definição da ciência moderna.
CONCLUSÃO
A
ciência moderna é a objetivação de produções. Formula-se dentro de
especificações e convenções que permitam chegar a objetivos com fins
produtivos. O real é o vigente que se expõe e destaca em sua vigência. A
ciência não é, portanto, nada espontâneo e não é nada natural. Como apontou Max
Planck: Real é aquilo que se pode medir.
BIBLIOTECA
HEIDEGGER, M. Ciência e Pensamento do sentido. (1953) in Ensaios e. conferências, tradução de Emmanuel
Carneiro Leão, Petrópolis: Vozes, 2001.
HESSEN, J. Teoria
do conhecimento. Editor Sucessor. Coimbra, 1973.
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