IANNI, Otávio. A crise de paradigmas na sociologia.
Otávio Ianni aponta para revisitação dos
clássicos. Seu trabalho é um verdadeiro inventário dos autores, dos modelos e
das teorias propostas dentro da área da sociologia. A partir daí, ele entra em
um processo de diferenciação entre os autores clássicos, quanto a sua visão
mais macro, mais abrangente, do fato social e a visão dos novos autores, com
uma perspectiva mais preocupada com o indivíduo ou o grupo social que
anteriormente não era contemplado.
Ianni então começa a estudar o que foi
chamado de obsolescência das teorias antigas. Tal proposta leva em consideração
a perspectiva de que tais teorias não dão conta da necessidade de estudar a
pluralidade de uma nova sociedade e de suas produções culturais. Para o autor,
as teorias clássicas — notadamente a teoria marxista e a evolucionista —
concentram-se nos fatores econômicos, por conta da época em que os autores
viveram e produziram. O problema é que o efeito dessa grande ‘evolução’
econômica gerou uma mudança não apenas na estrutura social que antes ainda se
pautava sobre o modelo do antigo regime, mas também uma pluralidade de produção
cultural que não tinha espaço de pesquisa nas primeiras teorias sociais.
O novo sentimento de pertencimento não
cabe mais as famílias. A noção de nação sofreu uma distensão suficiente para
abarcar um grupo maior que agora se identifica com o Estado-Nação. A integração social do novo modelo costura agora as diferenças étnicas e as
diferenças culturais sob a construção de novas tradições ou através do que o
historiador inglês Eric Hobsbawm chamou de Invenção
das Tradições.
Para Otávio Ianni, apenas as novas
teorias conseguem dar conta dessas mudanças. As novas produções culturais só
poderiam ser acompanhadas por uma nova razão científica. A ciência do século XX deu autonomia ao
indivíduo, pois passou a estudar os grandes grupos ficou mais difícil depois da
grande pulverização de pensamentos.
Contudo, Ianni não abandona os
clássicos, mas pelo contrário, ele reafirma que há necessidade de retomá-los
para entender como se principiam tais transformações na sociedade. Por mais que
as transformações exijam o uso das novas teorias ou o aprofundamento de seus
estudos também exijam a volta aos antigos teóricos, a ideia de sociologia como
autoconsciência científica da realidade social, deve manter os estudiosos
atentos a emergência de novas teorias, mas ainda com os pés nos clássicos do
século XIX.
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