Para
melhor entender Nietzsche...
O Masdeísmo, ou zoroastrismo, religião oriental, surgiu do
encontro de povos indo-europeus, que ao terem contato com os povos arianos
(originários do Iran), absorveram e estimularam sua cultura. O resultado, o
povo Persa, expandiu sua religião através das guerras com os povos do ocidente,
principalmente os gregos (guerras médicas, difusão através do orfismo), e , só
ruíram, no século VII d.C., com invasões muçulmanas às áreas que são hoje o
nordeste do Iraque e todo o Iran.
Zoroastro,
do século VI a.C., fundador do Zoroastrismo ou simplesmente reformador da
religião masdeísta, pregava sua religião livremente através de hinos e
escrituras sagradas (Avesta) que foram deixados aos seus fiéis, exatamente como
se faz nos ritos cristãos de hoje em dia. O Avasta, Bíblia zoroastrista, é
dividido em 5 partes (Yasna, Vspered, Vendidad, Yashts, Khordah, Avesta): a
primeira ‘Yasna’, trata da invocação
e sacrifícios feitos a todos os deuses através dos sacerdotes; a Segunda, ‘Vispered’, é um apêndice litúrgico: a
terceira: ‘vendidad’ narra a história
da criação; a quarta, ‘Yahts’ através
de hinos, conta as histórias de vários heróis do livro; e a quinta ‘Khordah
Avesta’: uma coletânea de orações e
diversas ocorrências da vida, como as paródias bíblicas. Atribui-se a
Zoroastro, 2 milhões de linhas escritas no Avesta, mesmo que sejam posteriores
ao início da religião, todo caso, alguns especialistas chamam esse acréscimo de
reforma.
O maniqueísmo é a base de toda a
religião monoteísta existente na atualidade, bem como foi da religião
masdeísta. Nele o princípio do bem (Ahura
Masdah) deve derrotar o mal (Angre
Mainyu) e outorgar a terra a paz. São esses os seis nomes sagrados do bem:
Sagrados (Amesas Spenta): Espírito do
Bem (Vohu-Mano). Retidão Suprema (Ása-Vanista), Governo Ideal (Khsathra Varya), Piedade Sagrada (Spenta Armaiti), Perfeição (Ahurvatat) e Imortalidade (Ameretat). E são esses o do mal: Mau
Pensamento, Mentira, Rebelião, Mau Governo, Doença e Morte. Claro, dentro de um
conceito maniqueísta, só poderiam ser também seis!
As semelhanças com o cristianismo não param por aí:
É
do povo persa –indo europeu– que se origina a expressão ‘Deus’, difundida na civilização grega, que por sua vez a explorou
e expandiu através da cultura helenística em meio as guerras médicas[1].
A expressão ‘Deus’ já era muito
conhecida no tempo de Jesus na terra. (Sabemos que vários livros da bíblia, por
exemplo da disseminação helenística, foram escritos em grego antigo).
O natal cristão em 25 de dezembro, por
exemplo, passou a esta data, porque nela se festejava o nascimento de Deus
Mitra, - Natalis Solis Maximus. Este
representa-se como um menino, assim como Jesus, é uma espécie de Deus
intermediário entre o Deus supremo e o homem. Mitra faz parte do zoroastrismo
através de seu processo de transformação que sofreu na chegada ao ocidente. Ele
foi difundido no ocidente graças também as guerras (mitraísmo: forma peculiar,
provavelmente pelo distanciamento geográfico do zoroastrimo). Esse deus pode
ser facilmente identificado com Jesus, pois sendo intermediário, ninguém vai ao
reino dos céus senão por ele...
Durante o Império romano, agiu como
concorrente do cristianismo, tendo muitos de seus imperadores convertidos aos
seus dogmas (Constantino (+337), antes da sua conversão ao cristianismo). Não
obstante, o radicalismo da exclusão das mulheres em seus cultos, limitou seu
avanço.
O apocalipse também faz parte do
doutrina zoroastrista, que atribui a esse fato o fim dos tempos ou da
civilização como conhecemos.
Tais semelhanças não passaram
desapercebidas na antiguidade, escritores cristãos como Tertuliano e Justino,
sobretudo Orígenes, já destacavam o sincretismo religioso.
Saulo de Tarso:
Saulo
de Tarso foi quem fundou o cristianismo assim como o conhecemos hoje, criando
todos os fundamentos teóricos e filosóficos que o compõe. Erudito (coberto de
influência grega), judeu e com a cidadania romana, compôs uma religião
alicerceada em Pedro (apóstolo) e margeada pela luta do bem contra o mal
(maniqueísmo), alegando muitas das suas origens num livro escrito após a morte
de Deus (Novo Testamento- escrito aproximadamente 30 a 60 anos pós mortem).
Sabendo
que Saulo de Tarso, baseou os dogmas iniciais cristãos em uma religião anterior[2], o Masdeísmo. E que o
profeta masdeísta é Zoroastro, que pregava nas ruas, para que todos ouvissem e
se convertessem à sua religião:
Ganha um doce quem adivinhar o que quer
dizer Zoroastro em persa.
Adivinhou quem respondeu Zaratustra.
Precisa escrever mais alguma coisa?
Se
você ainda não entendeu, lembre-se do livro “Assim falava Zaratustra”, de
Nietzsche, que está, claro, na lista negra da Congreção do Índice.
Sabemos
que toda a obra de Nietzsche é consagrada a desconstruir os valores cristãos,
que segundo ele distorcem e reprimem a sexualidade e instintos humanos.
Além disso, Nietzsche em sua obra,
apresenta-se em “ECCE HOMO” como o homem (super-homem) idealizado. Parece óbvia
a proximidade –se não forem o mesmo homem- entre o autor, Zaratustra e o homem
apresentado.
“ECCE
HOMO”, escrito em latim, quer dizer “Eis o homem”. São palavras bíblicas!
(Evangélio de São João, Cap. XIX, versículo V). São palavras proferidas por
Pilatos ao apresentar Jesus (modelo a ser seguido pelos cristãos) aos Juízes
(pontífices do antigo sinédrio judeu), aos fariseus e soldados romanos. Parece
que Nietzsche, quando apresenta seu “super-homem”, quer pô-lo à prova e expo-lo
às críticas daqueles que seguem antigos ídolos, ideais e filosofia de vida,
mostrando que o certo, agora, era seguir o novo Cristo (cristo: do grego o
ungido, o escolhido ou messias, também pode ser interpretado como profeta) e
que aqueles que não o fizerem, poderão parecer diante dos novos ideais de vida
(o novo deus) como pecadores (assim como foram julgados pelos cristãos, os
judeus).
Abraços
de Fábio.
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